Na noite desta terça-feira, em São Paulo, durante a
abertura do 12º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a
presidenta Dilma Roussef “deixou o estilo mais técnico de lado e elevou o tom
contra os ataques ao seu governo”. Segundo ela, o que antes era apenas
“inconformismo eleitoral” da oposição, diante da derrota de 2014, se
transformou agora em “golpismo escancarado”.
“Eu sou presidenta porque fui eleita
pelo povo em eleições lícitas. Eu sou presidenta para defender a Constituição e
a democracia tão duramente conquistada por todos nós”, afirmou a certa altura.
Na audiência, além de sindicalistas,
estavam os ex-presidentes Lula e Pepe Mujica, do Uruguai.
A presidenta disse que a hora é de
unidade e convocou os presentes a lutar pela democracia.
Acusou a oposição de jogar “sem nenhum
pudor” no quanto pior, melhor; “pior para a população, melhor para eles”.
Dilma disse que, através das redes
sociais e da mídia, os golpistas “espalham o ódio e a intolerância”.
A essa altura, foi interrompida pelo
público, que gritou “Fora Rede Globo, o povo não é bobo”.
Ela afirmou que a oposição quer
“encurtar seu caminho ao poder” usando fórmulas artificiais.
“A vontade de produzir um golpe é
explícita”, denunciou.
Segundo Dilma, a tentativa de golpe não
é contra ela, mas contra o projeto de inclusão social do PT, o Bolsa Família, o
Minha Casa, Minha Vida e os aumentos do salário mínimo.
“A sociedade brasileira conhece os
chamados moralistas sem moral”, disse, alegando que parte disso se deve às
políticas dos governos Lula e Dilma de fortalecer os órgãos de combate à
corrupção.
Perguntou: “Eu me insurjo contra o
golpismo e suas ações conspiratórias. Quem tem força moral, reputação ilibada e
biografia limpa para atacar minha honra? Quem?”
A presidenta não fez menção explícita ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que acordou com a oposição um rito que
facilitaria o impeachment de Dilma. Cunha é acusado de ter abastecido contas
secretas na Suiça com dinheiro de corrupção no esquema investigado pela
Operação Lava Jato.
Dilma lembrou que não há acusação formal
contra ela e que as chamadas “pedaladas fiscais” foram atos administrativos
utilizados por todos os governos que a antecederam.
Ao encerrar, citou Pepe
Mujica: “Esta democracia não é perfeita, porque nós não somos perfeitos.
Mas, temos de defendê-la para melhorá-la, não sepultá-la”.