2016
será tristemente lembrado como o ano em que uma presidente eleita por 54
milhões de brasileiros foi afastada do cargo por meio de um golpe. Não foi um
golpe militar, como em 1964. Mas, como em 1964, o golpe também usou o mote do
combate à corrupção. Rede de intrigas estimulada pela interlocução entre
membros do judiciário e do congresso e uma narrativa construída pela grande
mídia resultou no afastamento da única pessoa sobre a qual não recai qualquer
acusação de corrupção: a presidente Dilma. Verdade irônica que não chegou de
imediato aos lares brasileiros, pois, claro, não saiu no Jornal Nacional.
Contudo,
a cada ato do governo Temer, fica mais evidente para onde o país caminha: para
um governo em que os mais ricos irão aumentar sua ofensiva contra os pobres, retirando
direitos sociais e trabalhistas e reduzindo as possibilidades de acesso à
saúde, à educação e à cultura (cujo ministério deixou de existir como pasta
autônoma). Uma “ponte para o passado”, coordenada por um grupo de políticos
acusados de corrupção, tentativa de homicídio (como o líder do governo Temer na
Câmara, o deputado André Moura), além do visível desprezo às mulheres, aos
negros e aos artistas. Por que os grupos que pregaram o impeachment de Dilma
não se mobilizam agora contra o envolvimento de Temer e de sete dos seus
ministros na Lava Jato? Cadê os editoriais da grande mídia defendendo o
impeachment de Temer, já que, diferente de Dilma, ele, sim, foi citado como
beneficiário de corrupção na Lava Jato?
Além
de ter evidenciado que o impeachment era uma farsa, aquele tenebroso 17 de
abril revelou o óbvio para todo o país: que a Câmara dos Deputados se compõe de
uma maioria de políticos que legislam em causa própria e em defesa dos
interesses dos capitalistas. Revelou-nos também que não podemos nos deixar
iludir pelo sistema eleitoral. Como lição, fica claro que devemos dar mais
importância às nossas escolhas.
Assim, nesta eleição é
preciso apoiar candidatos que apresentem um conjunto de propostas contra o
golpe e propostas voltadas para a realidade municipal: - não ao golpe; - não reconhecimento do
governo golpista de Temer; - contra a retirada dos direitos sociais e
trabalhistas; - contra a reforma previdenciária; - em defesa do SUS; - em
defesa do petróleo brasileiro: contra a entrega do petróleo aos magnatas internacionais;
- contra o fim do Ministério da Cultura; - abaixo o fascismo! Nas eleições municipais: - transparência
na gestão; - constituição de conselhos populares na gestão municipal; -
orçamento participativo; - efetivação do Plano Municipal de Educação; - criação
do Plano Municipal de Leitura.